domingo, 24 de março de 2013

Do nós que se perdeu no vento do inverno

É uma tarde fria, a cidade parece um lugar de loucos, onde ao meio dia de uma terça feira qualquer que já se perdeu na rotina, todos correm pelas ruas da grande avenida. Entro em um restaurante qualquer, em meio a milhões de opções. O lugar parece agradável a comida parece boa, tem um desenho animado ao fundo, para dar aquela lembrança de casa, onde verdadeiramente muitos desejam estar.
Me sento para almoçar peço para tomar alguma coisa e com acompanhamento quero gelo e laranja,  suspiro e lamentavelmente a memória me traí,  perco o apetite na mesma hora.
 Em tantas opções eu escolho aquela bebida que a gente bebia juntos, com acompanhamento que a gente gostava. Inexplicavelmente se senta um cara qualquer ao meu lado e pede aquele suco que nós descobrimos juntos naquela noite de inverno, e que eu jamais imaginaria ouvir alguém pedir em um dia tumultuado em um restaurante banal.  Me assusto comigo mesma, eu uso um lenço, aquele lenço que você levou um dia para casa,  o perfume, aquele perfume que você adorava, eu uso hoje.
Olho para a minha bebida, olha para o desconhecido ao lado, o meu lenço e perfume preferidos que já não parecem ser meus e sinto a sua ausência.
Me sinto traída, pequenos detalhes de nós que hoje não existem mais e me perseguem, me sinto traída por me permitir sonhar com você em meio a outros amores, a outros interesses, a outros tempos. Me sinto traída pela pior traição, pelo amor, o amor que deveria ser mais valorizado, o amor PRÓPRIO, porque um dia aprendi que amor não se mendiga, que amor é para viver com reciprocidade, e não há mais nós, não há mais reciprocidade, não há mais invernos com o nosso riso simples ao fundo acompanhado de suco com sabores inusitados. Me sinto traída pela terça feira que não quis ser rotina, quis ser marcada por uma saudade que me traí por existir, não existe mais eu acompanhada de você.